A voz que não quer calar II

Hoje, uma segunda feira no início de agosto, após a nossa costumeira reunião de pauta, surgiu a dúvida sobre o que escrever para o editorial de setembro e de repente me veio à memória uma situação semelhante acontecida alguns anos atrás e coincidentemente, ou como prefiro, por sincronismo, com a mesma mensagem que pensava em passar.

– Ok, Claudinei! Gosto de ler as suas mensagens, mas não gosto quando fica “enrolando”. Então, não me deixe curioso.
– Desculpe, a ideia não é “enrolar”, mas, sim, esclarecer. Então, para matar a sua ansiedade, vou reprisar o editorial que publiquei na edição 214, como segue e que é como se tivesse sido escrito hoje.
“Mais um daqueles dias em que amanheço pensando no que escrever para o editorial da edição de setembro, e mais um dia de questionamentos em meu ‘selftalk’ – bate papo interior- sobre qual a melhor mensagem que devo enviar para você, meu amigo leitor.

Por incrível que pareça, esta é uma responsabilidade que passei a adquirir à medida que este modesto artigo em formato de editorial começou a fazer parte das editorias mais lidas da revista, superando o próprio social, o que vem ao encontro de nossas pesquisas que indicam que os nossos leitores pertencem às classes A e B, pelo menos intelectualmente.

Como não podia deixar de ser, já nestes dois primeiros parágrafos, surgiu o ‘insight’ para a minha mensagem. Sabe onde: no ‘selftalk’. Sabe por quê? Porque é esta vozinha que nos acompanha o tempo todo, como que se intrometendo em nossos pensamentos, e invariavelmente reclamando de tudo e de uma maneira pessimista dizendo que você é um incapaz, que tudo dá errado para você etc. Já parou para pensar nisto? Não, não precisa parar, ela está aí dentro neste momento, quer você queira ou não.

Pois bem, saiba que esta vozinha é determinante de nossa autoestima e pode nos levar a um processo depressivo, além de ser um fator limitante em nossas conquistas, pois interage com o nosso cérebro como um filtro negativo, como se colocasse obstáculos em tudo que queremos fazer.

Por que ela tem este comportamento limitante, e não ao contrário, motivador, você deve estar se questionando. Pois bem, acontece que a escola que ela frequentou, foi a mesma que a sua: aprendeu a ver vida por limitações e nunca por possibilidades. Aprendeu a não querer as coisas, ao invés de querer, como por exemplo: “não quero ser doente”, ao invés de “quero ser sadio”, “não quero ser pobre, ao invés de “quero ser próspero” e daí por diante. É só refletir um pouco sobre a sua vida para saber o quanto você não quis.

Você pode até ter mudado, mas aquela vozinha enraizou estas crenças negativas e, acredite, ela acha que está trabalhando em seu favor, defendendo-o de tudo que possa atacar o seu modelo de mundo, construído fortemente até os seus sete anos de idade.

Então, o que fazer? Bom, não é fácil mudar. Uma crença, quando implantada, vale mais do que mil verdades. É o mesmo que pedir a um palmeirense virar corintiano, ou vice-versa, de um momento para outro. Às vezes pode durar uma vida e não acontecer.

A melhor maneira é não discutir com ela. Concorde com ela e diga que sabe que ela está tentando te proteger, mas que você gostaria de correr o risco etc, etc. O seu autoconhecimento irá determinar o seu melhor diálogo.”

Em último caso, tire partido dela e faça como eu: escreva um editorial.

Boa leitura e forte abraço.
Claudinei Luiz

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